A farsa mariense (e açoriana)

porPedro Amaral

20 de janeiro 2024 - 22:18
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Nos Açores, o Bloco tem sido a oposição que investiga e denuncia. Se não estamos a pagar 5 milhões de euros ilegais de dinheiro dos contribuintes à EDA, deve-se ao olho atento bloquista.

Nos Açores, o Bloco tem sido a oposição que investiga e denuncia. Se não estamos a pagar 5 milhões de euros ilegais de dinheiro dos contribuintes à EDA, deve-se ao olho atento bloquista. Se sabemos que o governo fez ajustes diretos com a, então, empresa do subsecretário Faria e Castro, idem. Em Santa Maria compilámos dez exemplos, a que chamamos «10 Mandamentos», de más práticas governativas.

A farsa surge quando olhamos para o panorama partidário e percebemos que várias candidaturas esquecem o interesse público, que a política não é futebol. Passo a alguns exemplos.

Há umas semanas o governo visitou Santa Maria, apresentando vários projetos. Entre eles, um da Santa Casa, sob tutela da vice-presidência. O provedor da Santa Casa de Vila do Porto aproveitou o seu discurso para sinalizar carências da entidade que ficaram por resolver e que são problemas da ilha: como a extensa lista de espera de idosos dependentes em ter um espaço que os acolha. O vice-presidente, Artur Lima, optou por humilhar o provedor, numa resposta rasteira. Artur Lima desprezou os problemas de Santa Maria. Não é a primeira vez, já que é bem conhecido a sua repulsa pelo investimento no aeroporto de Santa Maria, ou basta olhar para a sua área de tutela na ilha para perceber a estagnação a que a vetou, até com elevados tempos de resposta a pedidos das entidades. Sobre tudo isto, Carlos Rodrigues, atual candidato da coligação, no âmbito do Conselho de Ilha (reunião pública), pediu desculpa ao vice-presidente pelas declarações do provedor em nome dos marienses. Como é possível o candidato submeter-se assim a quem humilha os seus? Mais: falar em nome dos marienses. Em meu nome não falou. Se alguém precisa de um pedido de desculpas é o nosso provedor pelo desrespeito de que foi alvo.

Noutro exemplo, no fim de 2022, numa audiência na Assembleia da República ao responsável pela ANA, na sequência da questão da reabertura noturna do aeroporto de Santa Maria, o deputado do Chega afirmou «não se pode pedir a uma empresa privada que assuma prejuízos por causa do desenvolvimento de uma ilha». A ANA tem lucros de 300 milhões de euros e para a reabertura só era necessário pagar mais um salário. Entre os interesses e a ignorância, este partido é o pior que o sistema tem e tenho pena do seu candidato em Santa Maria não ter comparecido no debate.

Por fim, olhar para a execução do prometido em orçamentos e ver que se chega ao extremo de só se terem executado 5 dos 30 milhões de euros em 2022 em Santa Maria. Em 2023 a previsão baixa para 19 milhões, ainda não havendo dados de execução. Esta grande quebra deve-se muito à Iniciativa Liberal e a sua cegueira sobre o endividamento zero.

Muitas destas questões vão-nos passando ao lado no quotidiano, mas demonstram o que cada um realmente é.

A acrescer a isto, vemos que os problemas são os mesmos de ano para ano e os partidos a apostarem em políticos de carreira, que até agora foram incapazes de os resolver. É necessário ousar mudar, ter a coragem de dar a voz a uma alternativa que possa, de facto, apresentar uma nova perspetiva, com novo fulgor. Em Santa Maria, a isso me proponho.

Pedro Amaral
Sobre o/a autor(a)

Pedro Amaral

Estudante do ensino secundário. Membro da Comissão Coordenadora Regional dos Açores do Bloco de Esquerda. Ativista estudantil
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